Semanas atrás, falamos sobre os vasos maias, precursores das histórias em quadrinhos (arte sequencial, se preferir). No título da matéria, um nome distinto e complicado: Rodolphe Töpffer. Muitos de vocês talvez não o conheçam. Permitam-nos corrigir isso e apresentar esse distinto senhor.
Nascido em Genebra, Suíça, em 1799, Töpffer era filho de um pintor que adorava quadros de paisagem, e acabou herdando do pai esse gosto. Teve uma carreira destacada como poeta, romancista, jornalista, crítico de arte e professor universitário.
Em 1824, montou um colégio interno. Nesse período de sua vida, desenvolveu uma série de historinhas curtas, com desenhos e textos de própria autoria, com o inocente intuito de divertir seus alunos; inventara, sem querer, as tirinhas de quadrinhos.
Nosso professor suíço não tinha pretensões de publicar seu material, temendo que este prejudicasse seu prestígio acadêmico e literário. Sua primeira tira, Les Amours de Mr. Vieux Bois (Os Amores do Sr. Jacarandá), produzida em 1827, só foi divulgada dez anos depois, após uma crítica bastante positiva, vinda de ninguém menos que Goethe. Töpffer quadrinizou (embora esse termo ainda não existisse na época) as aventuras de Docteur Festus, uma brincadeira com Doktor Faustus, obra do romancista alemão. Mesmo em idade avançada e enfermo, Goethe se divertiu muito com o trabalho do colega e o incentivou a desenvolver a então nova forma de expressão artística.
Só bem mais tarde é que o criador das primeiras tiras em quadrinhos resolveu publicar seus trabalhos. Em meados do século XIX, embora alguns críticos reprovassem a nova investida de Töpffer, ele fez muito sucesso na França, onde foi editado e reeditado.
No ano de 1841 foi publicado na Inglaterra, em edição que chegou aos Estados Unidos (graças à proximidade do idioma). Apesar disso, não teve muita repercussão.
Não se pode negar, porém, que, graças a Rodolphe Töpffer, a narrativa através de imagens, até então inédita, recebeu um importante primeiro impulso. E influenciaria, direta ou indiretamente, outros artistas a se aventurarem na Nona Arte.
Fonte: A Novela Gráfica, de Santiago García; Editora Martins Fontes